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Descoberta uma nova maneira de estimar a contribuição dos genes e do ambiente para a inteligência dos seres humanos. Ela se baseia em dois tipos de dados que só recentemente puderam ser coletados. Um é a variação da inteligência das pessoas ao longo de mais de 50 anos de vida. Outro é a possibilidade de determinar um número enorme de características genéticas dessas mesmas pessoas, sequenciando parte de seu genoma.
Nesse primeiro estudo foram analisadas 1.940 pessoas, parte nascida em 1921 e parte em 1936. Esse grupo inclui todos os nascidos em duas cidades da Escócia nesses anos. Aos 11 anos de idade (em 1932 e 1947), essas crianças foram submetidas a testes de inteligência. A saúde dessas pessoas foi acompanhada todos estes anos e recentemente, quando eles fizeram 65, 70 e 79 anos de idade, foram novamente submetidos a testes de inteligência. A novidade é que agora essas mesmas 1.940 pessoas tiveram parte de seu genoma sequenciado. No total foram analisados 536.295 locais do genoma de cada uma dessas pessoas. Para cada um dos 536.295 locais no genoma de cada um dos 1.940 idosos foram determinadas as variantes genéticas presentes.
De posse desses dados, e comparando cada indivíduo com todos os outros, os cientistas tentaram responder três perguntas:
1º) Quais as variantes genéticas estão associadas a um melhor desempenho nos testes de inteligência aos 11 anos de idade?
2º) Quais as variantes genéticas estão associadas a um melhor desempenho nos testes de inteligência nesses indivíduos na velhice?
3º) Qual a contribuição dos genes para a diminuição da inteligência ao longo do envelhecimento?
Os resultados dos testes mostram que há uma correlação entre inteligência medida na infância e a perda de inteligência na velhice. Pessoas que tinham um resultado melhor na infância tendem a perder essa capacidade mais tarde e mais lentamente. Além disso foi possível mostrar que, apesar de existir um grande efeito ambiental sobre a perda da inteligência durante a vida, um mesmo grupo de variações genéticas está associada a um melhor desempenho na infância e na velhice, e existe um componente genético que determina a velocidade dessa perda. Cientistas obtiveram uma primeira estimativa da contribuição porcentual dos fatores ambientais e genéticos na inteligência e na sua perda ao longo do envelhecimento.
Apesar desses resultados demonstrarem que esse novo método funciona, os autores são muito cuidadosos com os números apresentados, uma vez que os erros nessas estimativas ainda são grandes.
Conclusão: tanto a inteligência quanto sua perda é determinada em parte pelos genes que herdamos. Para ter certeza do peso relativo dos fatores ambientais e genéticos vai ser necessário repetir o estudo com um número muito maior de pessoas, talvez algo da ordem de 20 mil pessoas.
Avanço: esse novo método de análise promete resolver uma polêmica que já dura mais de 150 anos: a inteligência humana é determinada principalmente pelos genes ou pelo ambiente?
*MAIS INFORMAÇÕES: GENETIC CONTRIBUTIONS TO STABILITY AND CHANGE IN INTELLIGENCE FROM CHILDHOOD TO OLD AGE. NATURE, VOL. 482 PÁG. 212, 2012
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,envelhecimento-mental-,839220,0.htm
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