terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Formação Técnica como alavanca da competitividade

ALMEIDA. Alzira.J.M. Adaptação textos Caderno Economia e Negócios, Fóruns Estadão Brasil Competitivo (O Estado de S. Paulo, H1, 9/11/2012).

Para enfrentar o novo cenário da economia mundial, o desafio do Brasil é aumentar sua produtividade por meio de investimento em inovação e qualificação profissional, especialmente em educação profissionalizante. Se a educação de qualidade sempre foi tida como estratégica, agora se torna urgente.
  
Essa avaliação foi consenso durante o seminário “Educação e formação de mão de obra para o crescimento”, terceiro da série Fóruns Estadão Brasil Competitivo, realizado pelo Grupo Estado em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), em São Paulo, em 6/11/2012. A seguir, as principais conclusões que apontam a corrida do Brasil para não perder espaço no cenário mundial:

·         muito baixo o percentual de 6,6% (1,3 milhão do total de 17 milhões de jovens brasileiros de 15 a 19 anos) de matriculados em escolas de ensino médio profissionalizante comparado à média de 42% dos países da OCDE;
·         o ensino profissionalizante é essencial para que o Brasil consiga formar 7,2 milhões  de profissionais de nível técnico, até 2015,  para atuar em 177 ocupações industriais, demanda 24% maior que a de 2008 a 2011 = serão 1,1 milhão e novas oportunidades de emprego para os jovens que vão ingressar no mercado de trabalho;      
·         do total de 24 milhões de jovens de 18 a 24 anos, apenas 15% chegam ao ensino superior; 
·         6,1 milhões de trabalhadores deverão ser capacitados, pelo SENAI, para acompanhar os avanços tecnológicos e a evolução das normas de qualidade, regulamentações e certificações de produtos. É preciso, no entanto, que eles compreendam que se beneficiam desse processo porque o conhecimento garante maior empregabilidade e lhes dá chances de ocupar novas posições; 
·         as 21 ocupações técnicas de nível médio mais demandadas pela indústria brasileira oferecem remuneração média superior aos salários de diversos profissionais graduados: o salário médio inicial de R$ 2 mil atinge R$ 5,6 mil com o aumento do tempo de experiência. Em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, essa média sobe nas áreas de maior demanda e aumenta a diferença   entre os salários dos técnicos e dos profissionais de nível superior;  
·         a maior necessidade de profissionais qualificados se concentra nas Regiões Sudeste e Sul, especialmente nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Paraná. Segue-se o Nordeste, Centro-Oeste e Norte; 
·         a formação profissional requerida para aumentar a produtividade nacional somente vai se dar em instituições de excelência, capazes de preparar seus alunos para reinventar o mercado: premiação sistemática do mérito dos alunos, manutenção de centros de empreendedorismo, participação em competições internacionais e geração de uma cultura de negócios e inovação entre os eles;
·         a formação profissional exige o envolvimento de todos e as empresas podem, devem e fazem o que lhes compete em termos de qualificação profissional;
·         necessário rompimento com a “cultura bacharelesca”, de modo que a juventude veja na educação profissional técnica a possibilidade de uma carreira estável e bem remunerada, observando a crescente valorização do profissional desse nível no mercado de trabalho, valor tanto salarial quanto social do trabalho. Uma importante evidência da ampliação da consciência de grande parte dos jovens de que a educação profissional é o melhor caminho para atender às aspirações sociais e à ocupação de vagas no mercado de trabalho, está nos números da última edição da Olimpíada do Conhecimento, realizada pelo SENAI entre 14 e 17/11/2012, no Parque Anhembi: a disputa contou com 640 jovens de todo o Brasil e atraiu 250 mil visitantes, além de envolver 1,2 mil avaliadores.

Ações do governo:

·          Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), ao prever um conjunto de iniciativas do governo para ampliar e democratizar a oferta de cursos técnicos, precisa zelar pela qualidade do ensino e pelo destino dos alunos no mercado de trabalho, monitorar a demanda e as condições de empregabilidade futura. Metas: criação de 8 milhões de vagas e investimentos de R$ 24 bilhões até 2014.
·         Parceria com o Ministério do Trabalho para contribuir com a intermediação da mão de obra, ampliando as chances de ocupação dos beneficiários do Pronatec.
·         Preparação de um mapa da educação profissional para o final de 2013, com o objetivo de adequar a oferta de cursos à demanda.
·         Aceleração do ritmo da educação profissional, mediante a valorização da força da iniciativa privada no ensino profissionalizante.  

Durante os debates, os especialistas foram enfáticos em que o aumento da oferta de ensino técnico se dê seguindo os padrões de qualidade no âmbito pedagógico e com base no diálogo com as empresas, a fim de que os cursos estejam alinhados com as necessidades do mercado. Além disso, é preciso desenvolver ações destinadas a suprir as defasagens da educação básica em português, matemática e ciências, nos moldes do que faz a maioria das instituições.  

O que se espera é que o ensino profissionalizante ganhe atratividade entre os jovens como o que mais rapidamente abre as portas para o mercado de mão de obra.



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