segunda-feira, 11 de março de 2013

O difícil desafio de escrever

Quem de nós, vez ou outra, não precisa escrever algo? Independente da natureza ou da finalidade do que precisamos escrever, sempre nos perguntamos como chamar a atenção do leitor e estabelecer com ele uma relação de confiança.

Para alcançar esse propósito, de acordo com os escritores Tracy Kidder e Richard Todd, é sempre bom confiar no leitor desde o começo atribuindo-lhe uma inteligência no mínimo igual à que imagina para si mesmo. Parta do princípio de que, seguramente, você sabe algumas coisas que o leitor não sabe, mas ele possui conhecimentos aos quais você não tem acesso.   

Prossiga, tendo sempre em mente que um bom começo tem de ser claro. Em qualquer trabalho escrito, as ideias se encadeiam com a lógica literal ou com a lógica do sentimento, de modo que o leitor experimente a dupla experiência de entregar-se a elas e de desfrutar da sua habilidade de escritor. A coexistência desses dois prazeres na mente do leitor é uma medida da boa escrita.

Mas uma coisa é quando o leitor se satisfaz com as realizações de quem escreve, outra quando o prazer do próprio autor é visível. Isso quer dizer que o autor trabalha a serviço da ideia, e sempre a serviço do leitor.

Nessa linha de orientação, é importante observar ainda:  
a) procure criar um diálogo com o leitor, imaginando o que ele pode questionar, criticar e, também, concordar;

b) o que você sabe não é algo que possa tirar de uma prateleira e entregar, mas geralmente é o que descobre ao escrever, assim como na melhor das conversas com um amigo: a escrita e o leitor fazem a descoberta juntos;

c) você não pode cativar o leitor logo na primeira sentença, mas pode perdê-lo logo de cara;

d) nada é mais tedioso que a prolixidade. Em sua introdução a Os Elementos do Estilo, E.B. White sugere que o leitor está sempre em risco de confundir. O leitor é "alguém chafurdando num pântano" e cabe ao escritor (a quem pertence o pântano, é claro) "drenar esse pântano rapidamente e colocar esse alguém em terreno seco ou ao menos atirar-lhe uma corda" (...);

e) não se pode dizer tudo de uma vez. Boa parte da arte dos inícios é decidir o que guardar para mais tarde, ou para não dizer. Faça uma coisa de cada vez. Prepare o leitor, diga tudo o que ele precisa saber para continuar lendo, e não diga mais. Em formas mais longas de escrita, o coração do assunto é geralmente o lugar onde se vai chegar, não o lugar para começar. Evidentemente, o leitor precisa de uma razão para continuar, mas a melhor razão é simplesmente a confiança de que quem escreve vai a algum lugar interessante.

Ter o domínio da linguagem, saber expressar-se, é cada vez mais importante inclusive para ser eficiente na comunicação online. Enfrente esse desafio e exercite-se! Afinal, como toda habilidade, escrever bem requer treino.

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