Pesquisadora e Professora
da UNIFESP, Dra. Stella Peccin afirma que o diálogo entre as
diferentes profissões e profissionais é essencial na atenção à saúde.
Muito se tem discutido
sobre o trabalho integrado de uma
equipe multiprofissional na área
da saúde, com o propósito de melhorar a qualidade da atuação dos diferentes
profissionais que dela fazem parte, com consequentes benefícios para os
pacientes ou usuários dos serviços. A Rhaizes se propôs a discutir com a
fisioterapeuta Prof. Dra. Stella Peccin como esses profissionais podem
funcionar em favor da atenção individual e coletiva e, sobretudo, contribuir para a implantação de uma postura de
assistência mais humanizada.
O que mais afeta o trabalho da equipe interprofissional?
Nenhum fator interfere tanto quanto a falta da compreensão do que vem a ser um trabalho em equipe, em que todos devem compartilhar seus saberes específicos em prol de um bem maior. E numa equipe pode-se ter lideranças com respeito mútuo, com direito a voz e ações compartilhadas.
São responsabilidades que se complementam para integralizar o cuidado com o paciente?
Sem dúvida, o objetivo maior é a integralização do cuidado, o paciente visto como um todo e, desta forma, todas as profissões e profissionais são importantes e têm um desempenho orientado por valores similares.
Quais são os ganhos para o paciente quando os profissionais das áreas envolvidas no seu cuidado cumprem os respectivos papéis?
O grande ganho é o melhor resultado num menor espaço de tempo possível: dialogamos, operacionalizamos as nossas intervenções, documentamos nossos casos, intervimos de acordo com as melhores evidências disponíveis para a tomada de decisão nas diferentes áreas profissionais. Desta forma, buscamos tratamento mais efetivo (no seu aspecto biopsicosocial), com menor risco de complicações e menores custos.
Para a equipe interprofissional, qual é a importância de não se ter um chefe?
Acredito que seja necessário todos compartilharem objetivos, metas e responsabilidades, em sintonia e total colaboração uns com os outros. Pode ser necessário um líder para organizar melhor as atividades, mas de forma compartilhada e não “onde um manda e outros obedecem".
Como a equipe é constituída por profissionais com diferentes níveis de formação/qualificação, o diálogo às vezes se torna difícil e há maior facilidade de haver chefe e subalternos. Dialogar, trocar informações em prol de um conhecimento sólido a respeito de uma determinada situação, faz com que haja um maior entendimento do caso e uma parceria mais efetiva em prol de um atendimento mais eficiente, no que diz respeito à promoção, prevenção e tratamento.
Que atitudes você destacaria como de maior valor para os profissionais de saúde?
Ser competente naquilo que faz, saber trabalhar em equipe respeitando a todos como a si mesmo (inclusive o paciente/cliente), estar aberto a mudanças e a novos conhecimentos e ter equilíbrio emocional para enfrentar as diferentes situações que a profissão nos apresenta no dia a dia.
Uma mensagem para os profissionais de saúde em início de carreira.
Sejamos humildes para aprender o novo e sábios para entender que há muitas informações sendo transmitidas a cada minuto, que precisamos ser críticos em nossas escolhas e seguros nas nossas tomadas de decisão. Aquele que acredita saber tudo, que não está aberto ao novo, que não sabe compartilhar, para no tempo. Invista o máximo na sua formação pessoal e profissional sempre, seja proativo, não culpe os outros pelo que você é hoje. Lembre-se sempre da sábia frase de Pasteur "a distância entre o possível e o impossível é medida pela vontade do homem".
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