segunda-feira, 24 de março de 2014

Os jovens querem discutir seu futuro profissional

















A Agenda Juventude Brasil 2013, pesquisa coordenada pela Secretaria Nacional da Juventude (SNJ), apresenta dados relevantes sobre o perfil e a opinião dos jovens brasileiros de 15 a 19 anos. De um universo correspondente a 26,1% do total da população brasileira (Censo 2010-IBGE), 38% dos pesquisados possuem Ensino Médio completo, 53% trabalham e, destes, 40% só trabalham e 14% trabalham e estudam.

Mas o que chama realmente a atenção, nessa pesquisa, é que 91% acreditam na sua força para mudar o mundo. Em consonância com essa convicção, a educação e o futuro profissional aparece em 1º. lugar como o assunto que gostariam de discutir com os pais ou responsáveis, com a sociedade e os amigos, e, entre os temas de maior interesse e preocupação, emprego-profissão só perde para o da segurança.

O que se pode extrair desses dados para o trabalho com jovens?

1º. A crença na sua capacidade transformadora significa que valorizam a própria identidade, ponto de partida para a construção de um projeto de futuro. Querem debater a sua vida em sociedade para criar melhores alternativas de vida e de convivência e para, por meio de um constante processo reflexivo, assumir-se como sujeitos que acreditam em si mesmos.

Os jovens apóiam-se no valor dado à colaboração entre as pessoas e à sua capacidade de se organizarem dentro de suas realidades. Para eles, é a partir do envolvimento das pessoas, num processo colaborativo, que a transformação acontece:  no trabalho de curto prazo, feito nos horários livres; na total liberdade para encontrar soluções, com ideias que preferencialmente não envolvam dinheiro; e na diversão, se possível, ao lado de amigos. Ao aliar esses três valores, esses jovens são capazes de traçar um caminho de mudança como se estivessem numa situação de lazer.

Seu foco é o mundo à sua volta, a realidade mais próxima. Eles têm a iniciativa e a habilidade de partilhar suas tarefas, chamando os amigos, os vizinhos e os colegas para seus projetos. São ágeis, querem resultados concretos e consistentes, obtidos por meio do trabalho em grupo.

2º. Eles querem assumir pessoalmente seu processo de mudança e traçar um caminho alternativo, inventar seus próprios caminhos com base em conceitos inovadores de trabalho, convivência e prosperidade. Querem a oportunidade de ser ouvidos, discutir e partilhar com os pais, amigos e sociedade as soluções para os seus sonhos e desafios. Isso quer dizer que valorizam a integração e o diálogo entre diferentes frentes de pensamento, enxergando nuances de possibilidades no lugar de pensamentos cristalizados e extremados.

Não posicionam suas crenças e valores de forma rígida e polarizada.“Eu não acredito numa ruptura do pensamento. Eu acredito mais no pensamento que está sempre se modificando gradualmente. Não vem como um choque, vem aos poucos. E quando você  olha lá na frente, vê que algo mudou.”

Assuntos que antes não eram debatidos ganham importância para eles. A partir dessa lógica, questões sociais, ambientais e culturais ganham tanta importância quanto as políticas e econômicas. Estão agindo de maneira propositiva na busca de seus direitos por melhor qualidade de educação, saúde, transporte, de convivência nos espaços públicos e privados. As ações que realizam no dia a dia vão impulsionando “múltiplas revoluções silenciosas” que transformam o mundo de forma lenta, gradual e positiva.“Eles são protagonistas de microações que transformam o cotidiano em diferentes culturas e localidades”, de acordo com Luiz Algarra, consultor em inovação e fundador da Papagallis, empresa focada em conhecimento coletivo.

Os heróis do cotidiano que atuam lenta e continuadamente, servem-lhes de inspiração dentro de seus ciclos de relacionamentos e amizades.

Tendo compreendido tais características, o melhor que nós pais, educadores, psicólogos, orientadores, temos a oferecer a esses jovens é o suporte para que transformem a experiência vivida em experiência refletida. O aprendizado decorrente dessa ação reflexiva vai alicerçar seus interesses e perspectivas de futuro. Mais do que isso, vai converter-se em um projeto para suas vidas, um projeto pelo qual vale a pena lutar. 

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