quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Os antecedentes da falta de preparo profissional

*Por Alzira J. M. Almeida

A rigor, seria desnecessário repetir que em um mundo cada vez mais tecnológico e competitivo, o conhecimento é um dos pilares do sucesso, não fossem poucas as  oportunidades que temos de visualizar os resultados conjuntos do desempenho do Brasil, em especial no que se refere à educação escolar e à produtividade.

É preciso estar atentos e refletir, sempre que possível, sobre a baixa capacitação profissional e como ela afeta os negócios e o desenvolvimento econômico. 
Vamos aos números:

a) educação: o Brasil está em 35º lugar entre 37 países. Do total de alunos que completa o ensino médio todos os anos, somente um terço domina as habilidades de língua portuguesa em nível satisfatório e 10% os conceitos básicos matemáticos, o que influencia fortemente no preparo dos trabalhadores para atuar em funções básicas dos processos produtivos, segundo Ana Maria Diniz, diretora do Instituto Península e conselheira do programa “Educação para Todos”;

b) competitividade: o Brasil ocupa o 48º. lugar entre 56 países, de acordo com pesquisa do Fórum Econômico Mundial. O que está na base desse resultado, para o diretor da Change Consultoria, Luiz Augusto Leite, é o descompasso entre a educação e o potencial das empresas, que têm de educar os jovens para o trabalho e para a vida. Ou seja, as empresas assumem muito mais que treinamento e desenvolvimento das competências técnicas: elas atuam  como educadoras de seus funcionários, desenvolvendo neles valores como cidadania, responsabilidade ambiental, cultura e qualidade de vida no trabalho;


c) talentos: o Brasil ocupa o 5º. lugar entre 42 países e territórios, segundo pesquisa anual sobre escassez de talentos do ManpowerGroup. Ou seja, está entre os países com os maiores índices de falta de profissionais qualificados: enquanto a média global é de 36%, aqui o índice atinge 63%.


Dada a relação existente entre a formação de profissionais e a utilização de tecnologias como fonte de transformação do comportamento humano, os dados acima evidenciam a complexidade do desafio para se obter a escala de inovação demandada, seja pela indústria, seja pelo mundo corporativo.


Esse é um esforço que exige de todos nós uma consciência pública muito bem estabelecida, que ajude a estimular e valorizar a integração entre pais, professores e comunidade, assim como a parceria entre as organizações e seus colaboradores. Políticas públicas para a educação só podem ser cumpridas mediante o comprometimento de todos com a formação de nossas crianças e jovens.


A começar pelas atitudes dos pais na educação dos seres humanos que geraram: o cuidado  na interação com os filhos, seu interesse e participação na vida deles, em particular na vida escolar, de forma a assegurar o desenvolvimento de indivíduos seguros de si e motivados para a vida em família, para os estudos e para o trabalho; pessoas dotadas de vontade, de disciplina, de compromisso, de paixão pelo que fazem e foco no que querem ser. Pessoas com perspectiva de futuro, interessadas em aprender sempre e incorporar esse aprendizado em seus projetos de vida.


Acima de tudo, pessoas capazes de conduzir, com êxito, suas próprias vidas, porque se espelham em pais intelectualmente fortes, emocionalmente equilibrados e capazes de agir com integridade, honradez e respeito a si mesmos, ao seu próximo e ao planeta.  


*Psicóloga e educadora, ex-reitora do Centro Universitário do Triângulo (Unitri) e atual sócia diretora da Rhaizes.

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